Olho à minha volta ... Vejo a minha vida de há cinco anos atrás como.... se estivesse numa sala de cinema a ver um drama da vida real....
Olho para trás e tento sentir... tento entender tento perceber... tento enquadrar quem eu era no momento actual....
Já não é possível...
Quem eu era há 5 anos atrás já não existe.... olho à minha volta e tudo está diferente... até o local onde trabalho... a empresa que há cinco anos atrás me ajudou e me defendeu ... hoje está diferente.... melhor ou pior confesso que não sei mas... diferente... muito diferente....
Tudo à minha volta parece ter mudado... ou talvez .. tenha mudado a minha forma de ver o mundo... não sei...
Sei que por momentos fico assustada... como se não me reconhecesse ... não reconhecesse o mundo que me rodeia... como se tudo fosse novidade para mim...
Revejo as cenas da minha vida passada como se de um livro de histórias se tratassem....
E revejo o mês de Janeiro de 2005... aquele mês em que... tomei algumas das decisões mais erradas da minha vida... aquelas decisões que no momento exacto me pareceram certas mas arriscadas mas que... poucos meses depois se mostraram ser desastrosas...
e tento entender o porquê das mesmas decisões.. tento entender quem eu era naquele momento e o que sentia para que... para que o passado faça sentido....
Mas o passado já deixou de fazer sentido há muito tempo.... sinto o meu passado como um livro... um livro cheio de contos e pequenas histórias ... com ou sem enquadramento que... todas juntas fazem sentido mas... soltas e em separado... parecem apenas pedaços de folhas rasgados de uma enciclopédia...
Vejo-me a andar numa avenida...
Com as mãos nos bolsos caminho ao longo da avenida para aquela pequena ruela que me acompanhou... paro num cafézinho e peço um café e um copo de água e tento ler... tento abstrair-me da semana anterior... tento-me abstrair de todas as semanas anteriores e tento... começar o role de desculpabilizações que me habituei a fazer.... sei que troco mensagens... e possivelmente falo ao telefone... era usual naquele mês todos aqueles telefonemas... logo de manhã.. a meio da tarde e antes do deitar...
Mas naquele dia em particular não consegui... nem a mim própria me consegui enganar... o golpe tinha sido demasiado profundo... a indignação demasiado elevada... a pontada no ego era o menor dos meus problemas... a sensação era que tinha a minha vida toda embrulhada num puzzle com peças todas reviradas ao contrário ... nenhum encaixe naquele momento fazia qualquer sentido....
Já não me consigo lembrar de nada de uma forma nítida....
Vejo todas as cenas do filme de uma forma turva... cheia de manchas e sombras...
Sei que era um mês que eu antecipei já por si muito complicado... sei que sabia que iria iniciar uma época difícil... mas nunca me passou pela cabeça o quão difícil tudo viria a ser ...
Possivelmente podia ter facilitado algo a mim própria mas também sei que... fiz o melhor que sabia fazer... agi da única forma que eu naquele momento exacto sabia agir...
Gostava de me relembrar de quem eu já fui....
Gostava de me relembrar das bases que originaram toda uma mudança... sei que estou bem melhor... sinto-me bem e sei que estou bem... sei que estou diferente... sei que quem eu era há 5 anos atrás já não existe....
Mas... por vezes gostava de me recordar... gostava de não perder pedaços do meu próprio livro...
Por vezes dou por mim a relembrar carinhosamente momentos... algumas cenas... mas...
Nada neste momento me faz sentido...
Acho que a minha própria mente apagou muitos momentos... dizimou todas as minhas memórias... como se parte do meu livro de histórias tivesse sido brutalmente queimado ...
E se bem que eu me lembro do pouco que eu era...
Possivelmente quem acedeu o fósforo e ateou o fogo terá sido eu....
E para aquecer as almas mais friorentas nesta noite gélida... uma música de um dos filmes mais carinhosos que eu conheço :)
Fiquem bem...
Bom início de semana!
EM!
ResponderEliminar5 anos é pouco tempo... eu levei muito mais tempo a livrar-me do que me acorrentava. Uff!
Após a leitura do post fico com uma boa sensação... que esse teu esquecimento é um bom prenuncio para este Ano. É sinal que ultrapassaste algo que na altura te incomodou, que o enviaste para as calendas gregas.
Queres um conselho?
Abre outro livro. Um livro que nunca tenhas lido e saboreia-o... verás que afinal esta sim, é a história da tua Vida.
Um Ano em grande... para todos.
Um beijo cheio de amizade
Sabes podes não acreditar mas invejo-te, não pela dor que sentis-te ou pelas dissoluções porque passa-te mas pelo facto de as teres apagado do teu pensamento tudo isso, coisa que eu ainda e acho que nunca o irei conseguir fazer é algo que todos os dias me persegue e aprendi de certa forma a viver com isso. Talvez dai a minha ausência de sorrir mais vezes não sei.
ResponderEliminarAcho que o JP tem razão quando diz que talvez seja a altura de abrires um novo livro e escrever uma nova historia, um novo conto desta feita escrito por ti e não pela vida para seres apenas uma personagem.
Beijo grande querida EM
Olá JP...
ResponderEliminarsim.. abrir outro livro eis uma grande analogia...
acho que ainda estou indecisa qual livro exactamente abrir...
estou ainda fascinada pelas capas mas ainda não tive coragem efectiva de ler as páginas já escritas...
Beijos :)
sabes uma coisa caranguejo...
ResponderEliminaro nosso organismo é bem mais inteligente que nós próprios... chego a essa conclusão...
parece que ele proprio se encarrega de destruir o que não necessita... de destruir as lembranças que não sao importantes...
Força aí!
Brlhante.
ResponderEliminarPalavras brilhantes resultaram dos teus sentires.
A vida é recheada de surpresas... "surpresas, surpreendentes" para nós próprios :)
Tal como explicas tão surpreendentes que nem conseguimos identificar perfeitamente com a nossa forma de ser e pensar quando olhamos para trás.
Mas a verdade é que fomos nós. Fomos nós que tomámos esta, aquela decisão, muitas vezes com a caixa de fósforos na mão. Mas insistimos e acendemos o fósforo.
Fazes-me questionar, quantas pessoas somos nós nesta vida? Quantos papéis as situações ou nós próprios nos obrigamos a desempenhar.
Gostei muito. Mesmo muito.
Até Já
miudaaa
Ai Miudaaa...
ResponderEliminarQuantos papéis as situações ou nós próprios nos obrigamos a desempenhar.
....
quem me dera saber....
eu por vezes tenho a sensação que sou actriz numa peça de teatro que.. por acaso se trata da minha própria vida...
:)
obrigado Dri Viaro :)
ResponderEliminarestamos constantemente a mudar.. o que até é bom! e teres ultrapassado o que te aconteceu de menos bom é óptimo, mesmo que te tenhas esquecido de algumas coisas do teu passado...
ResponderEliminarEu tenho uma máxima segundo a qual "do passado só interessa o que faz sentido"... por isso, se o teu ou, pelo menos, parte do teu, não faz sentido... então faz com que o presente faça!!! :D
ResponderEliminarDa mesma forma que, por vezes, já não nos conseguimos lembrar do rosto de uma pessoa, também chegamos àquele momento em que já não nos lembramos das dores que um dia sentimos. Sabemos que elas existiram, sabemos que doeram muito, mas já não as conseguimos sentir ao pensar nelas. E é nesse momento que sabemos que chegou a hora de fechar o livro.
ResponderEliminarOs erros servem para que deles retiremos lições e não para nos assombrarem eternamente. Ainda bem que aqui chegaste, finalmente, pois só quando se consegue olhar para trás com o devido distanciamento, é que se começa realmente a olhar para a frente.
Beijinhos
Bola para a frente, miúda!
ResponderEliminarE que do passado fiquem apenas as boas recordações!
As pessoas costumam dizer que e tenho uma memória selectiva. Não será bem assim.Penso que tenho a capacidade de arrumar na prateleira da memória todas as situações e sensações que vivi devidamente arquivadas. Estão lá para memória futura. E, de vez em quando, gosto de ir à prateleira e folhear o livro da minha vida.
ResponderEliminarO que sou hoje é fruto dessas situações. Mas, todos os dias, reescrevo a minha vida. Todos os dias o argumento vai tendo desenvolvimentos e novos personagens assumem um protagonismo próprio.
É que, o pior que pode acontecer é ficarmos presos às memórias, boas ou más.
Beijos
sim Rosie...
ResponderEliminarvendo as coisas dessa forma sim... é bom :)
eu não Bloguótico...
ResponderEliminareu sou apologista da máxima que o passado somos nós...
o nosso presente vem do que vivemos no nosso passado e é errado esquecermos parte do passado....
Beijinhos Ana :)
ResponderEliminarObrigado pelas tuas palavras!
Beijinhos Storyteller :)
ResponderEliminarcomo corre o concurso? ainda não me enviaste nada para "avaliar"
:)
Também tenho memória selectiva Ni...
ResponderEliminarmesmo selectiva...
como eu te compreendo... também eu gosto por vezes de folhear as minhas proprias páginas :)
poderia dizer-te tanta coisa.. falar-te da spaginas quem teem de ser MESMO deixadas pra tras..ou um bocadinho do meu livro.. Mas nao.. Deixo.te um beijinho :)
ResponderEliminarbjinhooo
*
minha linda indecisa...
ResponderEliminartu podes dizer realmente tudo...
:)
Vá toca a ler - e a criar - histórias novas :)
ResponderEliminarGuarda os "livros" que vais escrevendo, relê de vez em quando alguma passagem, para recordar, mas... não deixes de te reinventar :)
Beijo grande e tudo de bom para 2010 :)
adorei o teu comentário chrysaliis :)
ResponderEliminarsim.. tens toda a razão!
Deixa-me parafrasear um dos nossos maiores poetas: Luís de Camões
ResponderEliminarMudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
bem Chinook...
ResponderEliminarcomo adivinhaste que eu adorava luís de camões????
grande poeta!
sábias palavras!
Linda
ResponderEliminarHá livros que só são bons para acender fogueiras. O truque é saber seleccionar esses e não deitar para o fogo as obras de arte. E tu agora és uma obra de arte, que eu tive o prazer de ver escrever, nem que fosse um bocadinho. Parabéns pelo que és. O que foste de mau só interessa para o RTP Memória.
Também estou a recuperar... digo: RECUPERADA de uma série de péssimas decisões e piores atitudes. Lembro-me de uma série desses desastres, mas sinceramente vêm-me à memória essencialmente quando estou em situações em que ajo de modo diametralmente oposto ou quando passo por cima dos disparates que cometi. E assim é que tem que ser: a vida é para a frente, não para trás.
Minha linda Abobrinha...
ResponderEliminartu és um doce... obrigado pelas tuas palavras... e tu também irás recuperar e vais tornar-te numa bela peça de arte...
:)